Tuesday, July 01, 2008

End of the road

Esta viagem acaba aqui.

Outra começa ali.

Tuesday, June 17, 2008

¿Qué es poesía?
¿Qué es poesía?, dices mientras clavas
en mi pupila tu pupila azul.
¿Que es poesía?, Y tú me lo preguntas?
Poesía... eres tú.
Gustavo Adolfo Becquer

Monday, June 16, 2008

Hoje feriste-me como nunca havias feito.

Fizeste-me sentir ridícula, enganada, usada.

Nem sempre é fácil escolher pela nobreza dos sentimentos.

Mas é possível.

Brindemos à nossa.

Monday, May 12, 2008

Saturday, May 03, 2008

O que há em mim é sobretudo cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

Friday, April 25, 2008

Saturday, April 12, 2008

«(...) O candeeiro aceso iluminava com a sua luz fria e clara o conhecido cenário do pequeno quarto: duas cadeiras, uma coluna com um bustozinho de criança em pedra, uma mesinha e, ao fundo, a cama revolta, o revólver no chão, e o filho morto. Em cima da mesa, coberta com um debotado pano de chita de ramagens, uma carta, e nessa carta um nome, um lindo nome de mulher: Maria del Pilar.

Não gritou, não disse nada; os pobres não gritam. A morte faz parte do seu lúgubre cortejo de amigos, tem um caminho no seu leito e um lugar à sua mesa; quando chega, pode levar tudo; quando transpõe a porta, aberta de par em par, com a sua presa, não vê à sua volta a escoltar-lhe o fatídico negro vulto negro, senão cabeças curvadas num gesto de resignação, braços caídos, braços de quem deu tudo, de quem não tem consigo as aparências da revolta, mas, no fundo, é cheia dum imenso, dum infinito desapego por tudo. Os pobres vêm ao mundo já sem nada; o pouco que a vida lhes deixa é emprestado. Que lhes hão-de tirar que seja deles?! Aos pobres toda a gente chama desgraçados. (...)»
in, A Paixão de Manuel Garcia, Florbela Espanca